cobrindo folga do Bernardo devido às correrias da faculdade, hoje o irmão dele, meu grandissíssimo amigo Diego Mafra Salles, estreia no 1denós2

Édipo e a Esfinge - Gustave Moreau, 1864
A Lenda de Édipo e o Esfíncter
Como primeira tentativa de me lançar no mundo editorial, vamos conversar um pouco sobre algo que todos temos em comum: o esfíncter. Belo assunto para começar uma carreira, um papo no bar, um colóquio no escritório ou uma altercação no futeba de domingo.
Por supuesto, os digníssimos que se deparam com o presente texto, sabem o que é o esfíncter. Para os desavisados, nada mais é do que o músculo responsável por controlar o grau de amplitude de um determinado orifício. O mais famoso no corpo humano é aquele mesmo, que você deve ter dado uma coçadinha ao acordar, o mesmo que o médico delicadamente coloca o dedo pra examinar a macharada, o mesmo que parece às vezes ser a toca da cueca: o C*.
Pois é, num dia desse qualquer, estava eu em uma aula de mitologia grega na faculdade, e me deparei com uma incrível revelação: o nome científico no C*, esfíncter, deriva do grego Sphínx, que significa Esfinge, que por sua vez deriva de Sphingo, que significa estrangular. E a Esfinge mais famosa da cultura ocidental é aquela que propõe enigmas e estrangula pessoas numa das mais conhecidas e taciturnas tragédias gregas: Édipo-Rei, de Sófocles(430 a.C.) Tomarei algum tempo do respeitoso leitor para agora explicar o referido mito: se tiveres paciência, vais ter um assunto pra quebrar o gelo com qualquer gatinha, porque elas adoram um papo cabeça que termina com uma piadinha sacana. Inteligente e bem-humorado, saca?
Pois bem, em resumo, Édipo é um cara que nasce de um pai (Laio, Rei de Tebas) que havia sido amaldiçoado por um outro Rei (Pélope), quando Laio teve um caso homossexual com o filho deste tal Pélope. Pois é, os gregos sempre curtiram uma diversidade cultural.
Laio volta para Tebas, e une-se em matrimônio com Jocasta. O casal tem um filho, Édipo, que já nasce amaldiçoado.
Assim sendo seu pai, Laio, decide que a maldição acabará consigo mesmo, e que todos os descendentes que tiver, terão de ser mortos. Dessa forma, pede para que um dos seus servos leve Édipo, recém-nascido, para bem longe, e o mate.
O tal servo leva o bebê para a floresta, e, sem coragem para cumprir a ordem real, amarra Édipo em uma árvore e retorna a Tebas. A criança é achada por um pastor, que o leva para o reino de Corinto. Lá chegando, para a sorte do nosso protagonista, este é adotado pelo casal real de Corinto, o qual não pode ter filhos. Édipo é então criado como príncipe de Corinto, e leva uma vida tranqüila, até que, já com seus vinte e poucos, sai na mão com um velho numa taverna, e este lhe chama de bastardo.
Édipo fica encucadão, boladão da cabeça, e pergunta a seus pais se é mesmo filho do casal real de Corinto. Seus pais mentem e dizem que sim, que não se preocupe. Mas a pulga ainda estava atrás da orelha. Então Édipo vai fazer o tira-teima da globo, fazendo a mesma pergunta para o Oráculo de Delfos, que é como o Arnaldo César Coelho, sabe tudo, afinal, a regra é clara.
O sacana do Oráculo, que sempre responde sob a forma e enigmas, tipo o mestre dos magos, responde ao Édipo: Tu vais matar teu pai e esposar tua mãe! Édipo fica aterrorizado, e, tentando evitar que isso aconteça, foge de Corinto e toma o caminho oposto: Tebas.
No caminho para Tebas, Édipo é atacado por uma comitiva real, confundido com um vagabundo qualquer. Édipo reage, e acaba por matar um dos cocheiros e o passageiro da carruagem. Só não sabia que já havia cumprido metade de sua maldição: quem ocupava a carruagem era seu pai verdadeiro, Laio, que estava em viagem para outro reino em busca de ajuda, pois a Esfinge estava matando a todos.
A Esfinge é um animal mitológico, fantástico, com corpo de leão, busto e cabeça de mulher, e asas de águia. Pois bem, esse bichano cavernoso propunha o mais famoso enigma da história, o Enigma da Esfinge, que é o seguinte: “qual animal que de manhã tem quatro pés, ao meio-dia tem dois, e ao entardecer tem três?”. E até esse ponto da estória ninguém havia decifrado o enigma, tendo a esfinge estrangulado já metade da população de Tebas.
Eis que o sabidão do Édipo, quando chega em Tebas, é abordado pela esfinge, que propõe o enigma. Nosso companheiro mal-afortunado responde na lata, sem vacilação: o homem! Então a esfinge se mata, não vendo mais razão para a sua existência.
O resto da lenda eu deixo para vocês, senão vou monopolizar o blog aqui...mas digo que vale o R$ 10,90 da edição de bolso. Édipo se casa com Jocasta, tem filhos, e por aí vai, termina com quase todo mundo se matando e Édipo arrancando os próprios olhos, sem suportar a culpa. Mas o que realmente importa, é o lance da Esfinge. Esfinge vem do grego Sphínx, que deriva do verbo também grego Sphingo, que significa estrangular. Lembra como ela matava os cidadãos tebanos? estrangulando. Lembra do que o esfíncter faz? Estrangula! Ou seja, aperta bem forte para você não se esvair em fezes toda hora (se bem que às vezes escapa!).
Diego Mafra Salles1denós2