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domingo, 22 de agosto de 2010

AVÔ INDIGNADO!

Protesto!

Desde quando avô tem pulga na cueca?

Existe uma campanha para revisar as letras de canções infantis que vêm sendo cantadas há anos sem que os responsáveis pelas crianças se deem conta do seu conteúdo. O caso mais notório é o do gato atingido por um pau, que não morre, como era a intenção de quem atirou o pau, mas dá um berro que faz dona Chica dimirar-se-se e presume-se foge da cena, traumatizado. Sabe-se pouco sobre a origem da canção e a história por trás da sua letra. Atirar um pau num gato pode ser uma ação preventiva (ninguém sabe o que o gato iria fazer com a dona Chica) ou a manifestação precoce de um instinto assassino na criança, que deve receber orientação psicológica antes de ter acesso a armas mais sofisticadas. De qualquer maneira, a canção revela um perturbador descaso pelos sentimentos de outro ser, por mais antipático ou atrevido que este seja, e por mais pelos que solte nos sofás, e é um péssimo exemplo para mentes ainda em formação.

A canção Atirei um Pau no Gato sobreviveu sem ser examinada todos esses anos porque nenhum gato pode protestar. Como representante da espécie, farei o possível para que o mesmo não aconteça com outro animal de sangue quente rotineiramente vitimado por impropérios e projéteis verbais mais contundentes do que paus, em canções infantis. Refiro-me aos avôs. Na condição de neo-avô, tenho tido contato frequente com essas tentativas de ridicularizar a categoria, fomentando o desrespeito à autoridade e o escárnio aos mais velhos e ameaçando o tecido social e os valores tradicionais da família.

Basta um exemplo do que se escuta por aí, muitas vezes cantado por crianças que mal começam a falar e só repetem o que ouvem:

Eu vi uma barata na careca do vovô e quando ela me viu bateu asas e voou.

Notem a insídia mal disfarçada pela singeleza do verso. Em primeiro lugar, a sugestão de que todo avô é, por definição, careca. Mesmo os que, como eu, ainda têm mais de 17 fios na cabeça e portanto não ultrapassaram o limite oficial da calvície. Outra sugestão infamante é a de que o vovô, de tão desleixado e/ou alienado, não notaria a presença de baratas passeando pela sua cabeça. Que dependeria de netos que fizessem voar as baratas para não dar vexame em ocasiões sociais e não ouvir piadas na rua sobre sua higiene pessoal e sua sanidade. Ainda somos perfeitamente capazes de detectar baratas na nossa própria cabeça e enxotá-las com nossos próprios meios!

Mas há mais. Uma versão agravada da mesma letra leva o desrespeito às raias da injúria. Segundo esta versão, localizou-se uma pulga na cueca do vovô, o vovô deu um pum e a pulga desmaiou. O vovô deu um pum e a pulga desmaiou! Desde quando avô tem pulga na cueca? Desde quando avô dá pum? A que ponto chegamos, quando se recorre até a flatulência hipotética para denegrir aquele que deveria ser apenas objeto de veneração? Em nome da classe, protesto.

Verissimo, no ZeroHora de hoje

Rafaela

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

COLUNISTAS QUE RECOMENDAMOS

O princípio da incerteza

O professor virou-se e viu que a Sandrinha não estava escrevendo. Todos na aula copiavam o que o professor tinha escrito no quadro-negro, menos a Sandrinha. A Sandrinha estava dobrando e alisando um pedaço de papel.
– Dona Sandra, o que a senhora está fazendo? – perguntou o professor.
– Um aviãozinho, professor.
– Dona Sandra, eu pedi para copiarem o que eu estou escrevendo no quadro-negro sobre a teoria da incerteza de Heisenberg.
– Eu sei, professor. Mas eu estou preparando uma experiência prática sobre o mesmo assunto.
– Nossa aula hoje é sobre física quântica, dona Sandra.
– A minha experiência também.
O professor tinha desenvolvido uma tática para lidar com a Sandrinha. Para não explodir, contava até três. Desta vez contou até seis. Depois perguntou:
– E que a sua experiência tem a ver com o princípio da incerteza de Heisenberg, dona Sandra?
– Quando o aviãozinho ficar pronto, vou atirar para o alto, sem saber onde ele vai cair. Se bater em alguém, ou cair próximo de alguém, é a pessoa que eu vou namorar neste trimestre.
Por um momento, o único ruído ouvido na sala foi o do riso abafado. Desta vez, pensaram todos, a Sandrinha conseguiria. O professor perderia o controle.
Atiraria a Sandrinha pela janela. Ou ele se atiraria pela janela. De qualquer maneira, haveria uma explosão. Mas o professor manteve o controle, depois de contar até dez.
– E se cair perto de uma pessoa do sexo feminino, dona Sandra?
– Não tenho preconceito, professor.
– Só não entendi o que seu aviãozinho tem a ver com a teoria de Heisenberg.
– A incerteza. Ninguém sabe onde ele vai cair.
– Não, dona Sandra. É muito mais complexo do que isso. É...
– A teoria não diz que a ação humana interfere na observação das partículas subatômicas? Que por isso a medição dos seus movimentos é sempre incerta? Pois eu posso direcionar meu aviãozinho para um lado que me interessa. Ele vai dar voltas no ar, mas sua trajetória não será inteiramente aleatória. Minha vontade vai influir no seu destino. Pronto. Uma aula prática, professor.
O professor fechou os olhos. Um, dois, três, quatro...
– Faça o que quiser, dona Sandra. Vou continuar dando a minha aula.
Voltou para o quadro-negro e continuou a escrever. Dali a pouco, ouviu uma agitação às suas costas. O aviãozinho da Sandrinha tinha decolado. Virou-se a tempo de receber o aviãozinho no peito. E ouvir a voz da Sandrinha:
– O senhor é casado, professor?

Luís Fernando Veríssimo, no Zero Hora de ontem

thunder

terça-feira, 17 de junho de 2008

VERÍSSIMO

10 Coisas Que Levei Anos Para Aprender

1. Jamais, sob quaisquer circunstâncias, tome um remédio para dormir e um laxante na mesma noite.


2. Se você tivesse que identificar, em uma palavra, a razão pela qual a raça humana ainda não atingiu (e nunca atingirá) todo o seu potencial, essa palavra seria "reuniões".

3. Há uma linha muito tênue entre "hobby" e "doença mental".

4. As pessoas que querem compartilhar as visões religiosas delas com você, quase nunca querem que você compartilhe as suas com elas.

5. Não confunda nunca sua carreira com sua vida.

6. Ninguém liga se você não sabe dançar. Levante e dance.

7. A força mais destrutiva do universo é a fofoca.

8. Uma pessoa que é boa com você, mas grosseira com o garçom, não pode ser uma boa pessoa. (Esta é muito importante. Preste atenção. Raramente falha.)

9. Seus amigos de verdade amam você de qualquer jeito.

10. Nunca tenha medo de tentar algo novo. Lembre-se de que um amador solitário construiu a Arca. Um grande grupo de profissionais construiu o Titanic.

thunder

quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

VERÍSSIMO

Eu, como fã incondicional do Luis Fernando Veríssimo, indico a crônica dele no jornal Zero Hora de hoje.



Concordo plenamente com a primeira parte do texto. Vale a pena ler.

Rafaela

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

VERÍSSIMO

NO GALINHEIRO...

Pegaram o cara em flagrante roubando galinhas de um galinheiro e o levaram para a delegacia.

D = Delegado
L = Ladrão

D - Que vida mansa, heim, vagabundo? Roubando galinha para ter o que comer sem precisar trabalhar. Vai para a cadeia!

L - Não era para mim não. Era para vender.

D - Pior, venda de artigo roubado. Concorrência desleal com o comércio estabelecido. Sem-vergonha!

L - Mas eu vendia mais caro.

D - Mais caro?

L - Espalhei o boato que as galinhas do galinheiro eram bichadas e as minhas galinhas não. E que as do galinheiro botavam ovos brancos enquanto as minhas botavam ovos marrons.

D - Mas eram as mesmas galinhas, safado.

L - Os ovos das minhas eu pintava.

D - Que grande pilantra. (Mas já havia um certo respeito no tom do delegado.)

D - Ainda bem que tu vai preso. Se o dono do galinheiro te pega...

L - Já me pegou. Fiz um acerto com ele. Me comprometi a não espalhar mais boato sobre as galinhas dele, e ele se comprometeu a aumentar os preços dos produtos dele para ficarem iguais aos meus. Convidamos outros donos de galinheiros a entrar no nosso esquema. Formamos um oligopólio. Ou, no caso, um ovigopólio.

D - E o que você faz com o lucro do seu negócio?

L - Especulo com dólar. Invisto alguma coisa no tráfico de drogas. Comprei alguns deputados. Dois ou três ministros. Consegui exclusividade no suprimento de galinhas e ovos para programas de alimentação do governo e superfaturo os preços.

O delegado mandou pedir um cafezinho para o preso e perguntou se a cadeira estava confortável, se ele não queria uma almofada.
Depois perguntou:

D - Doutor, não me leve a mal, mas com tudo isso, o senhor não está milionário?

L - Trilionário. Sem contar o que eu sonego de Imposto de Renda e o que tenho depositado ilegalmente no exterior.

D - E, com tudo isso, o senhor continua roubando galinhas?

L - Às vezes. Sabe como é.

D - Não sei não, excelência. Me explique.

L - É que, em todas essas minhas atividades, eu sinto falta de uma coisa. O risco, entende? Daquela sensação de perigo, de estar fazendo uma coisa proibida, da iminência do castigo. Só roubando galinhas eu me sinto realmente um ladrão, e isso é excitante. Como agora fui preso, finalmente vou para a cadeia. É uma experiência nova.

D - O que é isso, excelência? O senhor não vai ser preso não.

L - Mas fui pego em flagrante pulando a cerca do galinheiro!

D - Sim. Mas primário, e com esses antecedentes...
Luis Fernando Veríssimo.

digitando ladrão de galinhas no youtube, achei o Argulino, figuraça



thunder