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segunda-feira, 1 de setembro de 2008

COLUNISTAS QUE RECOMENDAMOS - POST 400

Luiz Carlos Prates, coluna de hoje no Diário Catarinense

A arte de mudar

Acabei de ler uma frase que me fez lembrar uma história que se bem me lembro já a contei aqui. Bom, mas o que é que eu já não contei aqui, não é mesmo, leitora?

A tal história é a história de um sujeito na faixa dos 60 anos que estava esperando por um trem numa estação de metrô de Nova York. Era domingo, pouca gente por perto, o cidadão comprou um jornal, procurou por um banco e sentou-se. Lia tranqüilo o jornal, sem ruídos nem incômodos de qualquer sorte. Até que chegou um outro sujeito, esse com dois meninos, e sentou-se no banco ao lado. Acabara a tranqüilidade do leitor do jornal.
Os meninos estavam infernais, corriam, se empurravam, passavam na frente do homem do jornal, batiam no jornal dele, pisavam no seu pé, um inferno. O sujeito agüentou o que pôde. O pai dos meninos nem aí, olhava para o nada e parecia nada ver. A impaciência do leitor foi aumentando e ficava ainda maior vendo que o pai dos meninos não lhes ralhava, não dizia nada, parecia não ver que os guris molestavam o senhor do banco ao lado. Lá pelas tantas, o homem do jornal perdeu a paciência. Virou-se para o vizinho de banco e fez-lhe uma observação insinuosa:
- Parece que os seus meninos estão com a corda toda... - o que, na verdade, ele quisera dizer é que os meninos estava com o diabo no corpo.
O homem do banco ao lado, o pai dos meninos, parece que acordou de um transe. Olhou para o leitor do jornal, e com olhos vagos, imprecisos, balbuciou:
- Ah, os meninos, sabes, companheiro, eu estou pensando, não sei o que dizer a eles, a mãe deles acaba de falecer no hospital...
Naquele preciso momento, o homem impaciente transfigurou-se, perdeu a irritação, ficou comovido, queria ajudar... e não se deu mais conta de que os meninos continuavam com a corda toda...
Sabes por que recordei essa história, leitora? Porque acabei de ler que "A forma como escolhemos olhar para o mundo cria o mundo que vemos..."
Quer dizer, o mundo lá de fora não é o mundo lá de fora, é o mundo nosso aqui, aqui de dentro do nosso peito. Se mudarmos as lentes dos óculos com que vemos a vida, mudar-se-ão todas as coisas lá fora, ou em torno de nós.
Somos condicionados desde pequeninos a reagir de um determinado modo a determinados estímulos. Mas reagiríamos de modo inteiramente diferente se diferente tivesse sido a nossa educação. Nada é, tudo pode ser. Não somos, podemos ser. Somos? Podemos deixar de ser. Ser feliz pode depender dessa arte, a arte de mudar.

thunder

Um comentário:

Anônimo disse...

show!
isso me lembra (mto) o filme "ponto de mutação"... meio monótono e filosófico demais, mas é genial!
o mundo (como o vemos) é um reflexo de como nos sentimos e das nossas ações...
pior q é tão mais fácil acreditar q tudo já está pré-determinado e, assim, nos eximir da responsabilidade de agir de outro modo...