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quarta-feira, 24 de março de 2010

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Os solitários

Ouvi, agora há pouco, que a depressão saiu do tabu para entrar na epidemia. O mundo está doente de depressão.

É verdade, nunca, como hoje, houve tanta gente falsamente depressiva, isso sim. Dão-se por depressivas; são, na verdade, infelizes.

Acontece que a vida de hoje é uma vida enfermiça, que leva as pessoas, com ou sem dinheiro, aos labirintos do desespero. Quem já foi muito pobre e hoje é um pouquinho menos pobre sabe que o dinheiro não lhe alterou o principal, a angústia vital...

Não vou discutir aqui, não tenho tempo para isso, os dois tipos clássicos de depressão: a externa, chamada de exógena ou social, e a interna, chamada de biológica ou endógena.

As duas, tenham o motivo deflagrador que tiver, as duas precisam de uma razão de ordem emocional para se manifestar no comportamento. É questão fechada. A depressão diagnosticada como biológica, resultante de um desajuste, ou de um “curto-circuito” neuro-hormonal, ainda assim, um dia, precisou de motivos emocionais para aparecer.

Como vivemos hoje? Isolados. Cercados de gente e não de amigos. As famílias sumiram, é pai para um lado, mãe para outro, desapareceram as tias, os avós, os múltiplos primos, os apoios familiares, os almoços ruidosos de fim de semana, tudo sumiu. Vizinhos não os conhecemos. O sujeito da porta ali da frente me parece chato, aborrecido, e assim eu para ele... Não nos conhecemos. E queres saber? Nem estamos interessados.

As grandes cidades viraram o inferno dos automóveis, pobres e ricos são iguais nas misérias do trânsito. Os bens materiais, que outrora conferiam insígnias de diferenciadores sociais, hoje unem a todos, ricos e pobres gozam dos mesmos confortos. E daí? Melhorou a vida emocional dos pobres? Nada.

Violência, desemprego, instabilidades financeiras geradas pelo consumismo, falta de rede de apoio social, vivemos em ilhas de isolamento, infelizes.

Amigos de infância? Se alguém ainda os tem, seus filhos não os terão mais tarde. Sumiram as infâncias coletivas, de bairro, vive-se hoje em gaiolas de desesperos: os condomínios, onde é impossível ser feliz...

Estão crescendo as loucuras, os vícios pesados, e aumentam os suicídios. Saída? As pessoas sabem bem das saídas, mas não lhes interessa aderir a uma vida de simplicidades, de desapegos... Afinal, o que vão pensar os outros? Podem pensar que somos infelizes, pobres. Melhor é que pensem que somos felizes e ricos. Ainda que sejamos da pior de todas as pobrezas, a da cabeça, e infelizes.

Por Luiz Carlos Prates, Diário Catarinense de hoje.

Rafa

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