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segunda-feira, 16 de agosto de 2010

PELO FIM DA PRODUTIVIDADE

Mas palavra feia mesmo é produtividade. Sempre que um economista fala em “crescimento” eu coloco as mãos nos bolsos. Não, não é metáfora de descansar e assistir a banda passar, mas para ver se os minguados centavos que carrego cresceram mesmo.

Esse papinho aí de economia é mais metafísico que qualquer novela de reencarnação. O fato de o produto interno bruto (ainda que eu nunca tenha visto um “produtointernobrutômetro” na vida) aumentar ou reduzir é muito café pequeno para a conversa que todo político esquece na hora de prever o crescimento ou medir a tal “produtividade”, que é a distribuição dessa renda toda.

Por que essa turma não fala que crescer demais também tem suas mazelas? Aliás, quer saber, tem muito mais danos que lucros. Estamos tão acostumados com a cultura protestante, aqui no sul principalmente, e a do colono trabalhador católico, que nem vive de tanto trabalhar, baseada na moral escravocrata do trabalho, que nem nos damos contas que já está mais do que na hora de parar de crescer e distribuir de vez.

A ideia de que devemos consumir para crescer é o que está nos matando. Há tempos morreu o Homo Sapiens, e no lugar dele nasceu o Homo Shopins. Portanto, chega, não queiram me vender mais nada, parem com essa mania insana de achar que preciso de coisas.

Meu aparelho celular faz e recebe e está bom assim. Meu carro tem onze anos de idade e chega em qualquer lugar que uma Ferrari também chega. Minhas roupas estão puídas mas ainda me protegem do frio. Portanto, economistas, políticos, publicitários, trabalhadores do meu Brasil varonil, eu quero apenas pegar um sol, tomar meu mate, namorar e ler um livro.

E isto está bem bom. E por favor, distribuam essa riqueza enorme que tem por aí, porque vocês não podem levar pra baixo da terra quando a indesejada das gentes chegar.


Texto extraído do blog de Fábio Brüggemann


Rafa

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