Hoje, como habitualmente tento fazer todas as manhãs de sábado (e domingo), quando ambos não fogem do script, vim ler meus jornais virtuais. Passeando pela coluna da Claudia Laitano, descubro a inusitada história de um russo de personalidade rara, em vários sentidos. Simplificando, Grigory Perelman, de 44 anos, é um matemático que conseguiu desvendar a Conjectura de Poincaré, formulada por um outro matemático francês, o Poincaré, há mais de um século atrás, e cuja resolução nunca havia sido desvendada, até 2003, quando Perelman conseguiu a façanha. Pois bem, tamanha genialidade de Perelman lhe rendeu um prêmio do Instituto Clay de Matemática no valor de US$ 1 milhão. Este prêmio, cuja simples menção faz 99% da população tilintar de emoção foi recusado pelo Grigory. Sim, ele recusou a bolada, respondendo simplesmente que "tem tudo de que precisa pra viver", o que segundo uma vizinha, materialmente seria uma mesa, um banquinho e uma cama em seu pequeno apartamento em São Petersburgo.
Eu, mais do que achar surreal, achei fantástica a atitude do Perelman, na teoria. Fantástica porque extremamente rara. Fantástica por transbordar de simplicidade. Fantástica porque totalmente incorrompível.
Na teoria, e tão somente na teoria, porque ao passar uma pequeníssima unidade de medida da teoria e cair na prática, toda essa visão sublime cai por terra e sentimentos já arraigados de um mundo capitalista/materialista se adonam de minha pessoa e o que resta apenas é uma grande e monstruosa inveja do Perelman. Eu queria agir como Perelman, porém eu jamais conseguiria agir como Perelman.
Na teoria, e tão somente na teoria, porque ao passar uma pequeníssima unidade de medida da teoria e cair na prática, toda essa visão sublime cai por terra e sentimentos já arraigados de um mundo capitalista/materialista se adonam de minha pessoa e o que resta apenas é uma grande e monstruosa inveja do Perelman. Eu queria agir como Perelman, porém eu jamais conseguiria agir como Perelman.
E nem é exclusivamente por gana de ter US$ 1 milhão na conta. É por não ter a coragem da recusa. Pra mim de estranho Grigory não tem nada. Estranhos somos nós, as ovelinhas.
Rafa
Um comentário:
concordo plenamente, estranhos somos nós, escravos do sistema.
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