"O bar em frente ao grande depósito de lixo. A televisão de dez polegadas com sinal fraco. O campo de futebol recentemente reformado. O balanço amarrado no topo da árvore no meio da rua. Esses são alguns exemplos das distrações e do lazer que os moradores da Vila das Torres e Vila Prado consomem todos os dias."
Assim é a abertura da matéria que fiz no sábado passado, na Vila Torres (antigamente conhecida como Vila Pinto) e Prado. Ela faz parte de uma série de reportagens para o jornal laboratório da faculdade apenas sobre as vilas, que são separadas por um rio, próximas a Avenida das Torres.
Tradicionalmente, os bolsões de miséria das cidades entram nas coberturas jornalísticas apenas para contagem de mortos e registro de crimes. Dificilmente você pode encontrar uma visão mais simples, do cotidiano, como a diversão, tema da minha matéria. Esse ressentimento com os jornalistas pode ser sentido no contato da população da vila, que no geral não se abre muito para falar. Fora as figuras centrais, que lutam por direitos, como os presidentes das associações e os religiosos, poucos se dispõe a fazer grandes comentários.
Temas como tráfico e tratamentos desumanos são deixados de lado. Afinal, não são raras as represálias. Apenas cultivando uma amizade com os moradores é possível descobrir os fatos que todos sabem, mas poucos comentam. Um dos mais comuns são os carrinheiros que moram nos "puxadinhos". Trabalhando para grandes depósitos coletores de lixo, eles vivem uma escravidão moderna, já que habitam os depósitos, vivendo em condições precárias, em troca da coleta de lixo.
Andando pela vila, é fácil identificar todos os problemas. A falta de saneamento, de asfalto, de condições básicas de sobrevivência. Os catadores de lixo explorados, os tiros para o alto dos traficantes, as brigas de gangues e o abuso da autoridade policial, está tudo lá, fácil de ser visto. Se olhos de cidadãos comuns podem ver isso, me pergunto, assim como um dos moradores comentou, porque eles são esquecidos?
Bernardo Staut
Assim é a abertura da matéria que fiz no sábado passado, na Vila Torres (antigamente conhecida como Vila Pinto) e Prado. Ela faz parte de uma série de reportagens para o jornal laboratório da faculdade apenas sobre as vilas, que são separadas por um rio, próximas a Avenida das Torres.
Tradicionalmente, os bolsões de miséria das cidades entram nas coberturas jornalísticas apenas para contagem de mortos e registro de crimes. Dificilmente você pode encontrar uma visão mais simples, do cotidiano, como a diversão, tema da minha matéria. Esse ressentimento com os jornalistas pode ser sentido no contato da população da vila, que no geral não se abre muito para falar. Fora as figuras centrais, que lutam por direitos, como os presidentes das associações e os religiosos, poucos se dispõe a fazer grandes comentários.
Temas como tráfico e tratamentos desumanos são deixados de lado. Afinal, não são raras as represálias. Apenas cultivando uma amizade com os moradores é possível descobrir os fatos que todos sabem, mas poucos comentam. Um dos mais comuns são os carrinheiros que moram nos "puxadinhos". Trabalhando para grandes depósitos coletores de lixo, eles vivem uma escravidão moderna, já que habitam os depósitos, vivendo em condições precárias, em troca da coleta de lixo.
Andando pela vila, é fácil identificar todos os problemas. A falta de saneamento, de asfalto, de condições básicas de sobrevivência. Os catadores de lixo explorados, os tiros para o alto dos traficantes, as brigas de gangues e o abuso da autoridade policial, está tudo lá, fácil de ser visto. Se olhos de cidadãos comuns podem ver isso, me pergunto, assim como um dos moradores comentou, porque eles são esquecidos?
Bernardo Staut
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